segunda-feira, 16 de maio de 2011

COMO INTERPRETAR A BÍBLIA

TEXTO ÁUREO
"Ele revela o profundo e escondido; conhece o que este em trevas, e com ele mora a luz.'' Dn 2,22.
 
VERDADE PRÁTICA
A Bíblia é o melhor intérprete de si mesma, isto é: a Bíblia interpreta a Bíblia.
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda -Ï Co 2.11 -16 
Terça - Ec 8.1-10 
Quarta - 2 Pé l .19-21
Quinta - Jo 14.24-26 
Sexta - Hb 5.8-14 
Sábado - l Ts 4.9-15
 
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
At 8.26-35
At 8.26 - E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta.27 - E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,28 - Regressava, e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.29 - E disse o Espírito a Filipe:Chega-te, e ajunta-te a esse car- ro.30 - E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse:Entendes tu o que lês?3 l - E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.32 - E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro, e como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.33 - Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? porque a sua vida é tirada da terra.34 - E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro?35 - Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus.
 
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
 
Pela sua singularidade, a Bíblia não pode e nem deve ser interpreta- da ao bel-prazer do leitor. Tenha ele a cultura que tiver, para captar a mente de Deus e o que o Espírito Santo ensina na Bíblia, necessita estudá-la seguindo alguns princípios. Dentre esses princípios destacam-se os estudados nesta lição.
 
I. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
l. Princípio um. Estude a Bíblia partindo do pressuposto de que ela é a autoridade suprema em questão de religião, fé e doutrina. Em assunto de religião, fé e dou trina, consciente ou inconscientemente, o crente se submete à tradição, à razão, ou às Escrituras. A autoridade a que ele se submeter, há de determinar o tipo de crença que possa esposar. Independentemente do testemunho da tradição e da razão, o crente verdadeiro tem na Bíblia o seu guia e juiz infalível. Para ele as declarações da Bíblia são finais. Ele crê que a Bíblia registra as intenções e a vontade de Deus, por isto pode crer nela. Ele aceita o testemunho da tradição e da razão, mas enquanto estas não entram em conflito com a Escritura. Para ele o que importa é: "O que diz a Escritura sobre isto?"
2. Princípio dois. Não se esqueça de que a Bíblia é o melhor intérprete de si mesma; isto é: a Bíblia interpreta a Bíblia. O manifesto desprezo a esta regra de interpretação da Escritura por parte de alguns cristãos ajuda- nos a entender que os maiores inimigos da Bíblia não são os seus opositores, que em épocas de cruentas perseguições rasgaram e queimaram-na, mas grande número dos seus expositores sempre prontos a achar na Bíblia apoio para as suas idéias absurdas. Quem não conhece pelo menos um bom irmão de Bíblia sempre aberta, procurando achar o sexo dos anjos, revelar quantos anjos cabem numa cabeça de alfinete, e tantas coisas outras? 
3. Princípio três. Interprete a experiência pessoal à luz da Escritura e não a Escritura á luz da experiência pessoal. A experiência pessoal se constitui na evidência daquilo que Deus faz em nós, por isso não pode e nem deve ser desprezada; porém, no mo- mento de determinar o que é mais importante, se a experiência pessoal ou a Escritura, para efeito de interpretação bem-sucedida da Bíblia, a Escritura é superior. Por isso ela não está sujeita a julgamento por parte da experiência pessoal, antes, a experiência pessoal é que deve se submeter ao juízo da Escritura.
4. Princípio quatro. Os exemplos bíblicos só têm autoridade prática quando amparados por uma ordem que os faça mandamento universal. Ao ler a Bíblia, fica evidente que você não está obrigado a seguir o exemplo de cada pessoa que protagoniza os acontecimentos nela encontrados. Por exemplo: o fato de Noé haver plantado uma vinha e ter se embriagado com o vinho do seu fruto, não indica que você deva fazer o mesmo. O fato de Jesus ter mandado dizer a Herodes: "Ide dizer a essa raposa que hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia terminarei", não nos autoriza a mandar portadores com recados de afronta às autoridades.
 
II. PRINCÍPIOS GRAMATICAIS DE INTERPRETAÇÃO
1. Princípio um. A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente. Por mais que repudiemos os casuísmos na interpretação da Escritura, a realidade nos obriga a ver que grande parte da igreja ecumênica faz precisamente isto. Chamam- lhe emprego de "palavras- conotativas", uma forma de "contextualizar" as Escrituras à realidade moderna. Exemplo: já não empregam a palavra "reconciliação" no sentido bíblico do homem reconciliar-se com Deus. "Redenção" já não é empregada no sentido bíblico do homem ser salvo do pecado e do castigo. Em vez disto, dão-lhe diferente "conotação", e opinam que ela tem a ver com a melhoria social e cultural da sociedade. "Missão" foi substituída por "diálogo"; enquanto que "conversão" é um conceito inaceitável.
2. Princípio dois. As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas no sentido que tinham no tempo do autor. Definir o correto sentido das palavras da Bíblia não chega a ser tão difícil quanto possa parecer a princípio. No entanto, se algum esforço deve ser feito neste sentido, vale a pena pagar o preço. Assim agindo, evitaremos nos envolver com aqueles casos curiosos e jocosos como o do pregador que afirmou com segurança que Jesus era músico. Indagado sobre que tipo de instrumento Jesus tocava, disse ele: "esquife", e citou a ressurreição do filho da viúva de Naim, particularmente Lucas 7.14: "E, chegando-se, Tocou o esquife, e disse: Mancebo, a ti te digo: Levanta-te".
3. Princípio três. As palavras do texto bíblico devem ser interpretadas em relação à sua sentença e no seu contexto. O contexto é formado de todos os elementos de informação que circundam o texto. Citemos um exemplo apenas. Imaginemos que você esteja lendo João 3.16, e queira compreender melhor "Porque Deus amou o mundo de tal maneira..." O que fazer? Parta do texto escolhido (Jo 3.16), e estude-o à luz do seu contexto, no caso todo o capítulo 3 do Evangelho de João. 
4. Principio quatro. Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada. As grandes passagens "Eu sou", no Evangelho de João, ilustram a regra onde objetos inanimados são usados para descrever um ser vivo. Ali encontramos Jesus dizendo: "Eu sou o pão da vida" (Jo 6.35); "Eu sou a luz do mundo" (Jo 8.12); "Eu sou a porta" (Jo 10.9); "Eu sou o caminho" (Jo 14.6); "Eu sou a videira..." (Jo 15.1). É evidente que nenhum cristão e cuidadoso estudante da Bíblia chegaria às raias do absurdo, a ponto de acreditar que os substantivos "pão", "luz", "porta", "caminho" e "videira" tenham relação literal e não figurada com a pessoa de Jesus Cristo.
 
III. PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DE INTERPRETAÇÃO
l. Princípio um. Uma palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entendê-la como palavra viva, isto é, originada na alma do autor. A melhor maneira de se conhecer uma pessoa é associando-se com ela. Assim também, a melhor maneira de conhecer o autor dum livro é estudando diligentemente os seus escritos, prestando especial atenção aos mínimos detalhes da sua vida. Por exemplo: quem quiser conhecer a pessoa de Moisés, deve estudar o Pentateuco, especialmente passagens como Êx 2.4; 16.15-19; 33.11;34.5-7; Nm 12.7,8; Dt 34.7-11. Quem quiser conhecer o apóstolo Paulo deverá dar especial atenção a passagens como At 7.58; 8.1-4;9.1,2,22,26; 26.9; 13.46-48; Rm 9.1- 3; l Co 15.9; 2 Co 11; 12.1-11; G1 1.13-15; 2.11-16; Fp 1.7,8,12-18; 3.5- 14; l Tm 1.13-16.
2. Princípio dois. Ë impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz de suas circunstâncias históricas. Por circunstâncias, entende-se tudo aquilo que não faz parte da vida normal duma pessoa, mas que esta é levada a participar com o povo da sua época. Particularmente, quanto aos escritores da Bíblia, eles estiveram sujeitos a circunstâncias geográficas, políticas e religiosas; fatos que influíram sensivelmente nos seus escritos. Por exemplo: a menos que compreendamos as circunstâncias políticas sob as quais se achava o apóstolo Paulo, jamais poderemos compreender passagens como a de l Coríntios 12.3.
3. Princípio três. Uma vez que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas à luz da história. A compreensão desta regra não indica que tudo quanto a Bíblia contém só deva ser explicado historicamente. Como revelação sobre- natural de Deus, é concebível que a Bíblia contenha elementos que transcendem os limites do histórico. A compreensão desta regra de interpretação determina, sim, que o conteúdo da Bíblia seja, em grande parte, determinado historicamente, sendo, portanto, na história que se encontra a sua explicação.
 
IV. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃO
1. Princípio um. Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la teologicamente. Melhor explicando esta regra de interpretação teológica do texto das Escrituras, queremos dizer que você precisa entender o que diz a passagem lingüisticamente, antes de poder esperar entender o que ela quer dizer teologicamente, isto é, o seu sentido, sua mensagem.
2. Principio dois. Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o que a Escritura diz sobre ela. O propósito básico desta regra de interpretação é determinar a verdade doutrinária do texto bíblico. É evidente que a Bíblia inteira é a Palavra de Deus; toda ela é a verdade, e tudo nela é útil para a nossa vida. Mas é igualmente importante lembrar que nem tudo na Bíblia tem o mesmo valor, nem é útil da mesma maneira. Evidentemente a determinação da legitimidade da doutrina não implica que algumas partes da Bíblia não sejam verdadeiras e que outras o sejam. Entretanto, a .verdadeira doutrina (as passagens que declaram a vontade de Deus para o homem agora), é útil a nós de uma maneira mais particular pelo fato de exigir alguma coisa de nós de forma particular. Assim como Filipe foi usado como instrumento do Espírito Santo para interpretar o texto de Isaías 53 ao alto oficial de Candace, resultando daí a sua conversão a Cristo, de igual modo, Deus espera que sejamos fiéis intérpretes da Sua Palavra no mundo hoje. Não impeça- mos, pois que os homens sejam abençoados por intermédio da fiel interpretação das Sagradas Escrituras.
 
QUESTIONÁRIO
1. O eunuco lia o livro do profeta Isaías, mas o que lhe faltava?
2. Que diz o item 2 da divisão I da lição estudada?
3. Que diz o item 3 da divisão II da lição estudada?
4. Que diz o item 2 da divisão IV da lição estudada?

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