segunda-feira, 16 de maio de 2011

A gestão do conhecimento com foco na capacitação de líderes


Vivemos um período de complexidade na sociedade onde a informação e comunicação (TIC's) trouxeram uma nova dinâmica nas relações interpessoais. Diante de tantas possibilidades de comunicação, percebe-se que as novas mídias são apenas o meio de interação entre os diversos atores existentes. Uma nova perspectiva floresce nesse cenário, a importância do conhecimento, ou seja, de gerenciar o conhecimento como recursos estratégicos dentro das instituições, no nosso caso, as Igrejas.
O gerenciamento do conhecimento para capacitar novos voluntários e assim garantir o surgimento de novas lideranças na igreja não é um processo desconhecido em nossas instituições, o discipulado é um exemplo disso, a capacitação em grupo através da leitura e estudo da Bíblia é um processo de gestão do conhecimento, a palavra de Deus é ensinada de maneira que as pessoas possam compartilhar com outras pessoas o conhecimento adquirido.
Apesar de termos o discipulado com exemplo de como captar, produzir e compartilhar o conhecimento em grupo é comum ouvir relatos nas igrejas sobre trabalho ou ministério que é conduzido pela mesma pessoa há anos. Em alguns casos, não há uma preocupação por parte dos líderes em capacitar substitutos.
A experiência que esses líderes adquirem durante o período que estão à frente de um ministério é o "capital intelectual" - termo usado por alguns autores - que pertence à igreja. Compartilhar as experiências é um ponto fundamental para aperfeiçoar e garantir transições de lideranças sem traumas ou interrupção do trabalho. A capacitação de colaboradores é importante no aculturamento e perpetuação do trabalho, diminuindo o risco de lideranças personalistas, ou seja, sem a visão dos objetivos da igreja.
Mas como descobrir novos líderes? Recentemente me deparei com esse desafio em uma igreja onde a liderança procurava meios de motivar os adolescentes a participar mais ativamente das programações. A juventude da igreja estava dividida entre adolescentes (12 a 17 anos) e jovens (18 a 35 anos).
Apesar dessa expectativa por parte da liderança em contar com mais adolescentes trabalhando nos ministérios e atividades da igreja, eles não participavam das decisões administrativas da igreja sendo sempre representados nas reuniões por coordenadores.
O primeiro passo foi ouvir os adolescentes e mostrar a importância de se organizar, participar das decisões da igreja e decidir como e quais atividades ele gostariam de realizar. Esse processo de compartilhamento de informações foi importante, pois se percebeu que eles sentiam necessidade de participar das atividades, mas, em grande parte das vezes, não eram convidados e não se sentiam parte do processo de decisão das atividades da igreja.
A segunda etapa foi compartilhar com eles como a igreja estava estruturada, estudar a hierarquia e onde eles estavam inseridos nessa estrutura.
A eleição de uma diretoria para os adolescentes só aconteceu quando eles entenderam a importância e mostraram interesse em organizar-se como grupo. Com a eleição os próprios adolescentes decidiram quem os representaria. O resultado poderia ser considerado uma surpresa não fosse por um detalhe; a pessoa eleita, apesar de não ter visibilidade na igreja, transitava muito bem entre os diversos grupos por afinidade que os adolescentes costumam formar. Essa liderança só surgiu porque foi dada a eles a oportunidade de escolher.
As igrejas têm muitos líderes com potencial de assumir compromissos, esse talento poderá florescer se oferecermos oportunidades de participação, ouvirmos e percebermos a dinâmica dessas pessoas dentro da igreja. O processo de capacitação, de gestão do conhecimento, pode despertar uma liderança adormecida. Compartilhar decisões e analisar novas ações com os liderados pode ser uma maneira de desenvolver lideranças dentro dos ministérios.
Outra questão importante é como estimular as pessoas para o trabalho. Os trabalhos realizados nas igrejas são quase em sua totalidade voluntários e precisam ser estimulados. No caso dos juvenis, a equipe eleita para representá-los (presidente, vice-presidente, secretária e tesoureiro) é estimulada a participar de eventos com outras igrejas e conhecer trabalhos missionários onde podem colocar em prática o que aprendem. 

Também existe a proposta de fixar um painel na classe da escola dominical, ou ambiente onde eles transitam, onde serão colocados fotos das programações que eles realizam. Quem participar das programações estará nas fotos, quem não participar é estimulado a ir às próximas programações e - consequentemente - aparecer no mural.
A lição para os líderes da igreja é que o conhecimento produzido por gerações anteriores e não compartilhado pode gerar um vácuo. O gerenciamento de conhecimento, o compartilhar das informações, é a garantia em grande parte da continuidade do trabalho. Se depender dessa e das próximas gerações, o trabalho com os adolescentes nessa igreja não vai mais começar do zero.

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