segunda-feira, 16 de maio de 2011

Toma que o filho é teu


Pesquisas do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná mostram como o comportamento dos pais influencia a personalidade e a saúde mental dos seus filhos. Desde 2002, aproximadamente 3.000 crianças e adolescentes foram avaliados e opinaram sobre seus pais.
Baseado nos resultados (publicados em O Estado de S.Paulo, no domingo 14 de agosto último), o grupo de psicólogos delimitou quatro perfis de pais: negligentes, participativos, permissivos e autoritários. Os participativos (34%) impõem muitas regras e limites, mas dão muito afeto e se envolvem na vida dos filhos. Os autoritários (12%) impõem muitas regras e limites, mas dão pouco afeto e não se envolvem na vida dos filhos. Os permissivos (15%), impõem poucas regras e limites, mas dão muito afeto e se envolvem na vida dos filhos. Finalmente, os negligentes (39%), impõem poucas regras e limites, dão pouco afeto e não se envolvem na vida dos filhos.
Os resultados foram muito esclarecedores. Por exemplo, filhos com baixa auto-estima, têm pais que lhes dão pouco afeto (71%), se envolvem pouco com eles (69%), impõem poucas regras e limites (67%), punem muito (70%) e lhes dão muitas palmadas (64%). Os filhos com pouca desenvoltura social têm pais que impõem poucas regras (69%), elogiam pouco (62%), se comunicam pouco com eles (62%), mas têm bom clima conjugal (65%). Já os filhos com indícios de stress têm pais que lhes dão pouco afeto (72%), se envolvem pouco (70,6%), impõem poucos limites (72,2%), elogiam pouco (72,2), punem inadequadamente (47,1%), dialogam pouco (72,2%), não dão bom exemplo (77,8%) e têm muito bom clima conjugal (38,9%), o que significa que um bom relacionamento do casal não significa necessariamente bom relacionamento familiar.
Fiquei especialmente impressionado ao ver que 75% dos filhos com pais participativos acreditam que são capazes, contra 21% dos que têm pais permissivos e apenas 4% dos que têm pais negligentes e autoritários, o que pode significar que a variável na educação para a autonomia não está nas regras e limites, mas no afeto e no envolvimento dos pais.
Também achei importante que apenas 14% dos filhos que têm pais participativos têm depressão, contra 56% dos que têm pais negligentes e 26% dos que têm pais autoritários. Mas apenas 3,5% dos filhos com pais permissivos têm depressão, o que pode significar que a grande dificuldade das crianças é conviver com regras, limites e pressão, devendo sempre ser contrabalançadas com afeto, atenção e envolvimento.
Outra informação interessante é que 62% dos filhos que têm pais participativos têm boas habilidades sociais, contra 25% dos que têm pais permissivos, 7% dos que têm pais autoritários e 6% dos que têm pais negligentes, o que pode significar tanto o autoritarismo quanto a permissividade são formas de ausência.
Definitivamente, ainda vale aquela máxima da antiga propaganda: não basta ser pai, não basta ser mãe, tem que participar.

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